COM DEMANDA MAIS FRACA, SIDERÚRGICAS DESISTEM DE AUMENTO NO PREÇO DO AÇO PLANO

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

100723_acoEnquanto o coronavírus avança pelo Brasil, o país vai contabilizando perdas financeiras em função da severa paralisação das atividades econômicas. No setor de aço, por exemplo, os impactos já foram sentidos neste mês de março, conforme revela o presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (INDA), Carlos Jorge Loureiro. Em entrevista ao Petronotícias, o executivo afirma que a segunda quinzena deste mês já teve números ruins de vendas. Cenário esse que deve, infelizmente, deve permanecer durante o próximo mês. “Para abril, estamos imaginando um mês muito fraco. Temos muitos clientes que estão fechando como, por exemplo, a indústria automotiva. Fornecemos muito para o setor de autopeças e todo esse pessoal está parando em função do coronavírus”, projetou. Loureiro também afirmou que, em virtude da queda na demanda, siderúrgicas como ArcelorMittal e CSN suspenderam um reajuste no preço do aço plano, que estava previsto para abril. “Em uma situação dessas, falar em aumento é algo non-sense”, opinou.

Como o setor de aço tem avaliado os impactos do coronavírus nos negócios?

O mercado vinha relativamente bem até o dia 15 de março. Estávamos, inclusive, com um volume de vendas bem superior ao de fevereiro. Mas aí, os fechamentos e diminuições de consumo realmente começaram a bater muito forte nos resultados [de vendas].

Tanto que em nosso último relatório, que divulgamos em meados do mês, ficamos em dúvida sobre qual seria a previsão para o março. Assim, dissemos nesse último relatório que teríamos crescimento zero em março em relação a fevereiro. Mas os números que chegaram depois do dia 15 pioraram muito. Então, estamos acreditando que esse número seja até negativo.

Ou seja, [a previsão] é que março seja pior que fevereiro em termos de vendas. Ainda não temos esse número final, mas a avaliação é que os últimos dias de março estão indo mal. E nos deixando muito preocupados, principalmente com abril.

O que esperam em relação ao próximo mês?

Para abril, estamos imaginando um mês muito fraco. Temos muitos clientes que estão fechando como, por exemplo, a indústria automotiva. Fornecemos muito para o setor de autopeças e todo esse pessoal está parando em função do coronavírus. O mercado de máquinas e equipamentos também está fechando e dando férias coletivas. Então, abril será um mês muito ruim, com certeza. Mas não temos noção, agora, do que ele será em termos de volume. Mas será bem abaixo de março e fevereiro, com menos de 20% ou 25%.

O que o senhor pode nos falar da possibilidade de aumento no preço do aço plano dentro desse cenário de crise?

Nós tivemos dois aumentos recentes, em fevereiro e março, que já aconteceram e foram implantados. No primeiro, o aumento foi de 10% e em março foram implantados outros 10%. Esses dois reajustes estão efetivos. Todas as usinas implantaram.

Estava sendo falado de um aumento em abril. Algumas usinas, inclusive, falaram que fariam esse novo aumento em função da alta do dólar. Mas duas usinas (CSN e ArcelorMittal) já falaram que esse reajuste está suspenso no momento. A única que está falando um pouco desse assunto é a Usiminas. Mas acredito que na medida em que ArcelorMittal e CSN não façam esse aumento, acho difícil que a Usiminas o faça. Inclusive, porque a maioria dos distribuidores estão suspendendo as entregas de abril, principalmente por conta da queda das vendas.

Se ocorrer o aumento, aí que a suspensão de entregas deve ser mais forte. Eu acredito que, no caso do mercado continuar do jeito que está, um aumento será muito difícil. Tanto a CSN quanto a ArcelorMittal não estão cogitando isso, em função da queda brutal do mercado.

Existe uma notícia que recebemos, inclusive, que a ArcelorMittal está iniciando o processo de parar um segundo alto-forno. Isso dá, mais ou menos, 2 milhões de toneladas por ano. Justamente pelo volume brutal de queda de pedidos. Em uma situação dessas, falar em aumento é algo non-sense.

Como o senhor vê a resiliência do setor de distribuição de aço nesse momento desafiador?

Nós não somos consumidores. Fazemos parte da cadeia de fornecimento. Na hora em que são criados esses lockdowns, automaticamente todo mundo para de produzir. À exceção de alguns setores que são vitais, como alimentação. Você tem eventualmente na área siderúrgica um setor que está muito forte, o de embalagens de aço, usadas para embalar comida.

Mas fora esse, os setores que fornecem para indústria estão todos em baixa. Então, eu diria para você que é muito difícil fazer qualquer previsão. Estamos em um terreno novo para todos. Não é um problema igual ao que tivemos em 2008. É um problema de parada total de atividade, que gera uma parada total em nossa área, que é uma área de serviços. Nada mais fazemos do que comprar e revender.

Como o governo pode ajudar o setor a atravessar esse momento difícil? O que deve ser feito?

Nada mais que todos estão pedindo, que é postergar a parte de impostos. Também um auxílio de crédito, em função da situação geral. Os nossos pedidos são iguais aos dos demais setores. Ou seja, nos ajudar um pouco na parte de crédito e recolhimento de impostos. Tudo isso é o que esperamos. Torcemos também para que o país consiga voltar à normalidade.


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