RIO DE JANEIRO PODE AMPLIAR CONSUMO DE GÁS EM 13 MILHÕES DE M³ POR DIA ATÉ 2030, APONTA FIRJAN

Por Davi de Souza (davi@petronoticias.com.br) –

Fernando Montera©vinícius-magalhãesO Rio de Janeiro tem um grande potencial para aumentar o seu consumo de gás natural na próxima década. É o que indica o estudo “Perspectivas do Gás Natural no Rio de Janeiro 2019-2020”, que a Firjan lançará no dia 4 de dezembro, em Botafogo, na capital fluminense. O documento aponta que o estado pode ampliar o uso do combustível em até 13 milhões de metros cúbicos por dia até 2030. Essa perspectiva surge levando em conta o desenvolvimento de novos projetos industriais, além da retomada do consumo por parte de indústrias já existentes. O uso de gás natural veicular (GNV) em automóveis pesados também pode aumentar o uso do combustível no estado, segundo o especialista da Gerência de Petróleo, Gás e Naval da Firjan, Fernando Montera. “O Rio de Janeiro já é um caso de sucesso para utilização de gás em veículos leves. Mas, existe potencial para desenvolvimento desse mercado para veículos pesados – ônibus e caminhões”, disse. Outro dado interessante apontado pelo estudo é que, somente em agosto desse ano, o Rio de Janeiro reinjetou 35 milhões de metros cúbicos por dia. Esse volume equivale a 150% da média de gás importado pelo Brasil em 2019. “É um cenário que tem suas explicações, mas é importante trabalhar para ver possibilidades de monetizar esse gás e movimentar a economia”, opinou Montera.

Poderia nos dizer algumas das informações contidas no estudo?

O grande objetivo do documento neste ano foi apresentar as oportunidades que toda a reestruturação do mercado de gás natural pode trazer para o estado do Rio de Janeiro. Nesse sentido, chamamos diversos agentes – tanto do lado governamental como do empresarial – [para participarem]. Um dado que já conseguimos inserir a partir desse estudo é a mudança estrutural que tivemos no mercado, entre 2014 e 2019, com a alteração da composição da oferta total do gás no país. Há uns anos atrás, ela era principalmente de importação. Agora, esse cenário se reverteu e temos, majoritariamente (em torno de 60%), o gás nacional.

O país trabalha para ter um mercado mais dinâmico, mas ainda estamos em uma situação muito restritiva. Ainda estamos no mesmo cenário de dois anos atrás, com monopólio e poucos ofertantes. Como não existe competição, os demandantes não conseguem acessar um gás mais barato. Todo esse trabalho [de abertura de mercado] é gradual. O que precisamos é fazer com que esse processo ocorra de forma mais rápida. Quanto mais ágil, mais rápido teremos as oportunidades desenvolvidas.

Como o governo do Rio tem se posicionado nesse novo momento do mercado gás e o que ainda precisa ser feito?

O estado do Rio de Janeiro tem o maior potencial do país de ser o grande hub de gás natural. Na situação atual, o Rio de Janeiro já é um grande player, mas tem potencial para se tornar um hub maior. Hoje, grande parte da demanda do estado do Rio de Janeiro é para a geração de energia elétrica. Seria importante que o estado conseguir diversificar essa demanda.

A atuação que temos visto do governo do estado – e trabalhamos próximos disso – é um trabalho para apoiar as movimentações federais, que são importantes, e também na ponta, isto é, no consumo de gás. Todo o trabalho que vem sendo feito, para abertura do mercado de gás aqui [no estado], tem sido muito importante. Isso dá um sinal aos investidores de que tem sido feito um trabalho para tornar o ambiente de negócio mais favorável.

O senhor falou sobre diversificação da demanda no estado do Rio. Como isso pode ser alcançado?

Mais do que você olhar para as mudanças regulatórias que precisam ser feitas, é importante ficar de olho na atração dessa nova demanda. Ou seja, começar a cultivar que tipo de segmento ou potencial que o estado do Rio de Janeiro tem para de desenvolver, em termos de consumo de gás natural. Um deles, que já vem sendo amplamente trabalhado, é o segmento termelétrico. Já somos grandes consumidores. Mas existem diversos outros segmentos que podem ser trabalhados. Por exemplo, existe a ideia de um polo siderúrgico no norte fluminense. Existe também a retomada do consumo industrial anterior. E também temos ainda o segmento de veículo pesados. O Rio de Janeiro já é um caso de sucesso para utilização de gás em veículos leves. Mas, existe potencial para desenvolvimento desse mercado para veículos pesados – ônibus e caminhões.

Qual o papel atual do Rio de Janeiro em termos de consumo de gás natural?

Hoje, o Rio de Janeiro é o maior produtor e o maior consumidor de gás natural. Mas, ainda não temos uma demanda tão diversa. Estamos muito focados no segmento termelétrico. No lado da oferta, ainda temos um cenário que a produção aumenta, mas ainda reinjetamos muito gás. A própria agência reguladora federal, ANP, já demonstrou o interesse em trabalhar em uma regulação para tentar, de algum modo, reduzir esse nível de reinjeção e colocar esse gás para o mercado. 

Um dado interessante do estudo é que o Rio de Janeiro reinjetou, em agosto, 35 milhões de metros cúbicos por dia. É um volume bastante considerável…

A título de comparação, isso equivale a 150% da média de importação de todo o Brasil no ano de 2019 (23 milhões de metros cúbicos por dia). O gasoduto que importa gás da Bolívia tem uma capacidade de 30 milhões de metros cúbicos. Então, o Rio de Janeiro reinjeta mais do que a capacidade total que temos de importar da Bolívia. É um cenário que tem suas explicações, mas é importante trabalhar para ver possibilidades de monetizar esse gás e movimentar a economia.

E quais são as perspectivas da Firjan em relação a esse Novo Mercado de Gás Natural que está sendo desenhado no Brasil?

A visão da Firjan é bastante positiva. Mas temos que ter, ao mesmo tempo, uma noção de onde queremos chegar nesse mercado. Precisamos trabalhar para ter um mercado mais competitivo. Ou seja, para chegar nesse cenário, é preciso ter diversos ofertantes, diversos demandantes, um amplo acesso a todas as infraestruturas essenciais e estimular o mercado livre. No momento em que conseguirmos estruturar isso, será possível alavancar. Mas a Firjan percebe que isso não acontecerá do dia para noite. Esse é um trabalho que deverá ser feito constantemente. 


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